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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Esporte

Aos 70 anos, Sua Majestade, o Rei

Em 23 de outubro de 1940, na cidade mineira de Três Corações, nascia um Rei chamado Edison Arantes do Nascimento, o Pelé. Ao completar 70 anos, neste sábado (23) o maior jogador de futebol de todos os tempos celebra uma trajetória marcada por lances geniais, dribles desconcertantes, numerosos títulos e gols, muitos gols. Entretanto, a história de Pelé não possui apenas momentos de glória. O homem, ao contrário do mito, pisou na bola em muitas situações, mesmo marcando 1284 gols.

O início
Filho de dona Celeste Arantes e de João Ramos do Nascimento, conhecido jogador no sul de Minas Gerais, apelidado de Dondinho, em 1945, mudou-se com a família para Bauru (SP). Em homenagem ao inventor Thomas Edison, o pai do futuro Rei escolheu o nome "Edison" para chamar o filho, que ainda era um mortal.

Ainda criança, o menino revelou a vontade de ser jogador de futebol. Ironicamente, o apelido "Pelé" surgiu de um goleiro. Em 1943 o pai de Pelé jogava no time mineiro do São Lourenço. Edison, na época com três anos, ficava bastante impressionado com as defesas do goleiro da equipe do pai e gritava: "Defende Bilé". A partir daí as pessoas mais próximas começaram a chamá-lo de "Bilé". Os amigos do garoto Edison tinham dificuldade para pronunciar "Bilé". O tempo se encarregou de transformar o apelido para "Pelé".

Aos onze anos, já jogava no Canto do Rio, um time infanto-juvenil cuja idade mínima para participar era de treze anos. Depois, o pai estimulou o filho a montar o seu próprio time: o nome era Sete de Setembro. Para conseguir bolas e uniformes, os meninos do time chegaram a furtar produtos nos vagões estacionados da Estrada de Ferro Sorocabana para vender em entrada de cinema e praças.

Mais tarde, Pelé jogaria no Baquinho, time de maior referência em sua juventude. O time principal era o Bauru Atlético Clube (BAC), da categoria principal da cidade e de onde derivou o nome do time juvenil. O convite para jogar no Baquinho veio do Antoninho, que oferecia até emprego para os jogadores. Foi o Antoninho, ainda, quem dirigiu o primeiro treino do time. Depois, o Valdemar de Brito, famoso jogador do passado e técnico dos profissionais, passou a treinar a equipe. Foi ele quem levou Pelé para a equipe do Santos. Deu no que deu.

Seleção brasileira

Pelé começou sua carreira no Santos FC, em 1956, e disputou sua primeira partida internacional com a seleção brasileira dez meses depois. Nos anos 1960 foi convidado para jogar fora do Brasil, na Europa, mas preferiu ficar no seu clube de coração, o Santos. Depois, Pelé também jogaria pelo New York Cosmos, dos EUA.

Na Copa de 1958, foi convocado com 17 anos e se machucou na véspera da competição, mas Paulo Machado de Carvalho resolveu levá-lo assim mesmo. Estreou no terceiro e decisivo jogo do Brasil, juntamente com Zito e Garrincha. Ele não marcou, mas o Brasil venceu por 2x0 a URSS. Nessa Copa, Pelé foi chamado pelos franceses de "Rei do Futebol", dando início a uma verdadeira lenda internacional, tornando-se uma das personalidades mais conhecidas do mundo durante o século XX. Quatro anos depois, na Copa de 1962, Pelé se machucaria na virilha, no segundo jogo do Brasil. No primeiro ele havia feito um gol. Mas não jogou mais aquela competição.

Em 1966, Pelé foi caçado em campo pelos adversários, que usavam do chamado "Futebol Força" para surpreender o Brasil. Jogou apenas duas das três partidas que o Brasil disputou naquela Copa. Fez sua última partida com Garrincha, na vitória de 2x0 sobre a Bulgária. Juntos, os dois astros nunca perderam uma partida de futebol pela seleção.

No México, na Copa de 1970, ameaçado de ficar no banco de reservas, quando Zagallo assumiu a seleção, Pelé jogou tudo que sabia e comandou o Brasil na sua mais impressionante campanha em Copas, ganhando definitivamente a Taça Jules Rimet.

A despedida da seleção ocorreu no Maracanã, no dia 18 de julho de 1971. Com público de 138.575 pagantes o Brasil ficou no 2 a 2 com a Iugoslávia. Em 1974, Pelé formou-se Professor de Educação Física, pela Faculdade de Educação Física de Santos (Universidade Metropolitana de Santos).

Pisadas na bola
Durante o regime militar, deu declaração polêmica dizendo que "o povo brasileiro não sabe votar", o que provocou a reação de políticos na época. Também dedicou a Copa de 1970 à ditadura militar.

Empresário, acusado de negócios fraudulentos, ligado a empresas norte-americanas a tal ponto que chegou a defender a realização da Copa do Mundo nos EUA e não no Brasil.

Quando era Ministro dos Esportes, durante o governo FHC, criou a Lei Pelé, que tinha como objetivo “modernizar” o futebol brasileiro ao transformar os clubes em empresas. A lei facilita a saída dos jogadores de seus clubes, favorecendo as transferências para o exterior.

Foi obrigado a reconhecer judicialmente a paternidade de Sandra Regina Machado, uma de suas sete filhas, morta por um câncer em 17 de outubro de 2006.

Curiosidades
Depois de Pelé, a camisa 10 passou a ser vestida pelo melhor jogador do time, tanto no Brasil quanto no exterior. No time do Santos e no do Cosmos de Nova York, ele utilizava esse número por ser o meia-esquerda. Em sua estreia na Seleção Brasileira, Pelé atuou com a camisa de número 9, a camisa de número 10 ele só começou a utilizar a partir do Mundial de 1958, cuja distribuição da numeração se deu de forma aleatória por um membro da Fifa, posto que, a delegação brasileira havia deixado de fornecer aos organizadores daquele mundial a numeração dos atletas.

Em 1969, Pelé parou temporariamente a guerra civil no Congo Belga, quando, durante excursão pela África, o Santos jogou duas partidas de exibição no país, então dividido pela guerra. Os lados em conflito pararam para ver Pelé jogar.

Quando a seleção se concentrou em Guadalajara, para a Copa do Mundo de 1970, a cidade parou. Nos dias de jogos-treinos, antes da estreia, via-se pela cidade um cartaz dizendo: "Hoy no trabajamos porque vamos a ver a Pelé". Dois anos antes, Bogotá já havia passado pelo mesmo quando o Santos fez em El Campín um amistoso com a seleção olímpica colombiana. Uma discussão entre os jogadores resultou na expulsão de Pelé. Mas, no intervalo, dirigentes esportivos e policiais foram informar aos brasileiros que Pelé tinha de voltar. O público o exigia. O árbitro? A pedidos, já fora substituído pelo bandeirinha.

Abaixo, veja imagens do Rei em ação.


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