Drama dos Guarani e Kaiowá expõe
extermínio indígena no país
Indígenas ameaçados de despejo pela
Justiça Federal estão encurralados entre pistoleiros e a omissão do Governo
Federal
Ato em Brasília contra o genocídio da tribo. |
Enquanto o país se distrai com o
festival de mentiras e hipocrisia que domina o segundo turno das eleições
municipais, uma verdadeira tragédia social ocorre com uma das comunidades mais
visadas pela política de extermínio indígena, há décadas implementada no
Brasil. Um grupo da tribo dos Guarani-Kaiowá, do município de Iguatemi, no Mato
Grosso do Sul, tem a sua existência ameaçada e grita por socorro.
Os 173 indígenas (50 homens, 50 mulheres
e 73 crianças), acampados à margem do córrego Hovy desde agosto de 2011, enfrentam
uma ordem de despejo da Justiça Federal de Naviraí (MS). Como se não bastasse
isso, eles ainda sofrem com a miséria, as permanentes ameaças de pistoleiros a
mando dos fazendeiros e o suicídio em massa provocado pelo abandono e a falta
de perspectivas. Uma carta desesperada dos indígenas, encaminhada ao Conselho
Indigenista Missionário (Cimi) e a parlamentares, expõe de forma dramática a
situação a que estão submetidos os Guaranis-Kaiowás.
“Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais”, afirma a mensagem, ditadas durante a assembleia dos Guaranis-Kaiowás, o Aty Guasu.
“Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais”, afirma a mensagem, ditadas durante a assembleia dos Guaranis-Kaiowás, o Aty Guasu.
A mensagem, que tomou as redes sociais,
está provocando uma indignação coletiva tal como ocorreu durante a desocupação
do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), no início do ano. “Sabemos que não
temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já
sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado.
Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não
vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico,
decidimos meramente em sermos mortos coletivamente. Não temos outra opção, esta
é a nossa última decisão diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS”,
diz o trecho final da mensagem, que expressa o ceticismo com uma Justiça e um
governo que só beneficiam os grandes proprietários de terras.
Genocídio indígena
O drama sofrido pelo grupo ameaçado de
despejo revela o genocídio que os indígenas estão sofrendo no Brasil. Segundo
dados do CIMI, entre 2003 e 2010, nada menos que 555 indígenas dos Kaiowá e
Guarani cometeram suicídio pela situação de abandono, desesperança e violência cotidiana.
Desde 1980, 1500 tiraram a própria vida. A tribo, segundo maior grupo indígena
do país com 43 mil pessoas, está cada vez mais encurralada pela expansão
desenfreada das plantações de soja e cana, vivendo em áreas que somam apenas 42
mil hectares.
Ao mesmo tempo, o Governo Federal
mostra-se conivente com o extermínio indígena, mantendo-se omisso diante dessa
tragédia social. Ainda segundo o CIMI, desde 1991, apenas oito terras indígenas
foram homologadas aos Kaiowá Guarani.
É preciso que o Governo Dilma intervenha
imediatamente em Iguatemi a fim de que não se repita o que ocorreu no
Pinheirinho, e impeça mais uma tragédia. O governo deve parar de priorizar os
interesses dos grandes latifundiários e avançar na demarcação e homologação das
terras indígenas.
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