quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Internacional

Dia de greve geral mobiliza trabalhadores de 23 países da Europa 

Greve contra os cortes da troika e a política de austeridade dos governos é forte em Portugal, no Estado Espanhol, e atinge também Grécia e Itália

O dia de greve geral unificada na Europa neste 14 de novembro já pode ser considerado um marco na luta dos trabalhadores europeus contra a política de cortes e austeridade imposta pela troika (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia). Inicialmente convocada em Portugal, ela teve adesão no Estado Espanhol e posteriormente na Grécia, que realizou greve parcial de 3 horas, e Itália (que paralisou por 4 horas). O 14-N contou ainda com mobilizações na Inglaterra, França e em pelo menos 23 países do continente.

Maior greve de Portugal
Em Portugal, a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) estima que o 14-N tenha sido “uma das maiores greves gerais já realizadas” no país. Apesar da outra grande central no país, a UGT, ter se negado a convocar a greve, vários sindicatos da base aderiram à paralisação contra os cortes do governo de Passos Coelho.

Como ocorre tradicionalmente, o setor dos transportes foi a vanguarda da greve, que teve também a participação dos trabalhadores bancários, o que não havia acontecido nas greves anteriores. Os serviços públicos, escolas e universidades também pararam quase que completamente no país. Cerca de 200 voos foram cancelados devido à greve.

A greve geral em Portugal ocorre no mesmo dia em que é anunciado o mais novo recorde nos índices de desemprego do país, de 15,8% da população. Entre os jovens (entre 15 e 24 anos), essa situação é ainda mais dramática, atingindo 39% dos portugueses. Apesar disso, o governo aprofunda sua política de cortes e flexibilização de direitos.

Mobilização e repressão no Estado Espanhol
O 14-N começou forte também no Estado Espanhol. As centrais sindicais estimam a adesão à greve geral em mais de 75%, o que significa quase seis milhões de trabalhadores de braços cruzados em todo o país. A paralisação atingiu principalmente a grande indústria, com impactos importantes na siderurgia, indústria química e construção. O setor dos transportes e público também parou. Pelo menos 202 vôos foram cancelados. 

A greve geral no Estado Espanhol se enfrentou com a repressão policial, como em Madri e Barcelona, com o saldo de 82 feridos e 34 detidos até o fechamento desse texto.

Enquanto as centrais sindicais CCOO (Comisiones Obreras) e UGT (Union General de Trabajadores) reivindicam um programa rebaixado, como a convocação de um referendo sobre os cortes e a exigência de uma “negociação” entre o governo de Mariano Rajoy e o congresso, o sindicalismo classista e alternativo se lança à greve exigindo o não pagamento da dívida, o fim dos cortes, não ao pacto social e a “demissão” do governo.

Em Madri, a plataforma "Toma la Huelga" (que reúne grupos como o 15-M e a coordenação do 25-S) fez um chamado para que a greve não se limite aos locais de trabalho, mas para que se ampliem e parem toda a cidade. A convocatória convida ainda o cercamento do Congresso no final do dia.

Mobilizações estudantis e repressão na Itália
O dia foi também de fortes protestos na Itália. Milhares de estudantes foram às ruas contra os cortes na Educação em 87 cidades no país. Houve repressão e enfrentamentos com a polícia em cidades como Roma, Turín e Milão.

Apesar das limitações e bloqueios interpostos pelas burocracias das cúpulas sindicais, o 14-N representa a primeira ação de resistência articulada e unificada entre os países da Europa, colocando a resposta dos trabalhadores à crise num novo e inédito patamar.

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