ENTIDADES RELATAM PROBLEMAS NA SAÚDE
A data de hoje, 7, marca o Dia Mundial
da Saúde. Definido há mais de 60 anos, pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
o dia foi escolhido para lembrar o direito do cidadão a esse direito básico e a
obrigação do Estado em sua promoção.
Como este ano a data cai em um domingo,
no Brasil, o tema será lembrado na próxima terça-feira, 9. No Rio Grande do
Norte, será realizado um ato público. A mobilização acontecerá em Natal, a
partir das 14h, em frente à Assembleia Legislativa. Às 15h, haverá uma
audiência pública, que terá como tema ‘Direitos Humanos e Saúde’.
Uma caravana de Mossoró, formada por
representantes da Frente Municipal contra a Privatização da Saúde, participará
das atividades. A Frente é composta pelas seguintes entidades: Sindicato dos
Trabalhadores Federais em Saúde, Previdência e Trabalho (SINDPREVS), Sindicato
dos Trabalhadores da Saúde (SINDSAÚDE), Grupo Aprendendo a Viver Positivamente
(GAV +) e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), através da
Faculdade de Serviço Social (FASSO).
Pacientes a espera de leitos, hospitais
com corredores congestionados, familiares sofrendo com a angústia de não poder
ajudar um ente querido, unidades que se tornaram defasadas para atender a
demanda dos municípios e mesmo um hospital novo marcado por impasses que
prejudicam o atendimento adequado à população, desenham um quadro que impede
qualquer tipo de comemoração pela passagem da data no Estado, a exemplo do que
acontece em outros locais do País.
“Não há motivos para comemoração”,
lembra o coordenador regional do Sindsaúde, João Morais. “Recentemente, uma
criança veio a óbito esperando por um leito, saiu na imprensa. Pacientes nos
hospitais, nos corredores, falta de maca. Isso é uma vergonha para os governos.
Nas unidades de saúde chega a faltar medicamento, esparadrapo, soro.
Infelizmente não temos o que comemorar”, diz ele.
O coordenador também cita o atraso no
pagamento dos funcionários terceirizados, por parte do Governo do Estado, as
obras que se arrastam ao longo do tempo, como é o caso da ampliação do Hospital
Regional Tarcísio Maia (HRTM) e da reforma do Hospital Regional Rafael
Fernandes, cujos trabalhos foram iniciados há um ano e seis meses e a
terceirização da saúde, com exemplo no Hospital da Mulher Parteira Maria
Correia.
Outro ponto precário mencionado por João
Morais diz respeito a quantidade de agentes comunitários de saúde. Segundo ele,
o projeto existente no ano de 2006 previa a atuação de 530 agentes. Hoje, sete
anos depois, o número de profissionais em campo segundo dados do Sindsaúde, é
388.
Agente comunitária de saúde, Antônia
Gessia acrescenta que os usuários do sistema reclamam muito. Segundo ela, uma
das dificuldades é em relação a realização de exames de alta complexidade, como
tomografia e ressonância magnética, pelos quais os usuários chegam a esperar
até um ou dois anos.
Marcos Fontes, que integra a Frente como
representante do GAV +, cita ainda o caso da Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) do bairro Belo Horizonte, que foi inaugurada no ano passado, mas que
ainda não está em funcionamento. “Se a atenção primária não funciona é muito
complicado, porque vai cair na urgência e emergência e não resolve”, afirma.
Os integrantes da Frente lembram que
muitos são os pontos críticos, entre eles, a saúde materno-infantil e a
assistência preventiva.
Para a professora de Serviço Social
(FASSO) da Uern, dra. Aione Sousa, cujo trabalho de doutorado foi baseado na
análise da saúde em Mossoró, o problema não está na falta de dinheiro, mas no
destino da aplicação dos recursos. O trabalho, intitulado ‘As relações entre o
público e o privado na saúde de Mossoró’, constatou, através da análise de
relatórios do próprio Estado, que os recursos empreendidos no ano de 2011 para
o Hospital da Mulher, superaram a soma dos valores destinados aos outros três
hospitais públicos da cidade – Tarcísio Maia, Rafael Fernandes e Hospital da
Polícia, no mesmo período. “Eu vi que a maior parte vai para a contratação de
serviço”, informa a docente.
Marcos Fontes acredita que, além de
prever metas e prazos, a elaboração do Pacto pela Saúde deveria contar,
implicitamente, com formas de penalidades caso as metas previstas não fossem
alcançadas.
Com o objetivo de colaborar com a
melhoria no sistema de saúde, a Frente está tentando se organizar, formalizando
denúncias. Para Aione Sousa, o papel da imprensa é de grande importância, no
sentido de deixar a população a par do que está ocorrendo, porque cada pessoa
sabe do seu caso específico, mas não, muitas vezes, conhecimento sobre a
situação geral.
A reportagem da GAZETA DO OESTE entrou
em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para saber quais as providências
que estão sendo adotadas para solucionar os problemas que competem ao
município. De acordo com a responsável pela Secretaria, Jacqueline Amaral, no
começo do ano foi realiza licitação e quando o resultado foi divulgado teve
início um processo de compras. Segundo ela, uma pessoa responsável pelo assunto
está visitando todas as unidades para saber quais as necessidades e as Unidades
Básicas de Saúde (UBSs) estão funcionando.
No que se refere à demora na realização
de procedimentos médicos, ela afirma que, quando isso acontece é porque o
número de especialistas na rede não é suficiente, mas quando há profissionais,
o município realiza a contratação. Segundo a Secretaria, Mossoró é referência,
em nível de Nordeste, em traumatologia e os atendimentos de ortopedia são
realizados no Centro Clínico Professor Vingt-un Rosado (PAM do Bom Jardim).
Com relação à marcação de exames,
Jacqueline Amaral diz que foi realizada uma reunião com a nova gerência
responsável e que a orientação é de que as marcações sejam realizadas assim que
for encerrada a consulta. Segundo ela, antes havia demora porque essa marcação
era realizada somente uma vez por semana.
Já no que diz respeito ao número de
agentes, a secretária comenta que, como Mossoró é uma cidade que cresce muito a
demanda pelo Programa Saúde da Família (PSF) é grande, a questão será observada
para sanar o problema das áreas descobertas.
A reportagem da GAZETA DO OESTE também
entrou em contato com a Secretaria de Saúde Pública do Estado (SESAP), através
da assessoria de comunicação, que ficou de enviar resposta por e-mail. Até o
horário do fechamento desta edição, no entanto, nenhuma resposta havia sido encaminhada.
Fonte: Gazeta do Oeste – 05/04/2013