segunda-feira, 8 de abril de 2013

Deu na imprensa

ENTIDADES RELATAM PROBLEMAS NA SAÚDE

A data de hoje, 7, marca o Dia Mundial da Saúde. Definido há mais de 60 anos, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o dia foi escolhido para lembrar o direito do cidadão a esse direito básico e a obrigação do Estado em sua promoção.

Como este ano a data cai em um domingo, no Brasil, o tema será lembrado na próxima terça-feira, 9. No Rio Grande do Norte, será realizado um ato público. A mobilização acontecerá em Natal, a partir das 14h, em frente à Assembleia Legislativa. Às 15h, haverá uma audiência pública, que terá como tema ‘Direitos Humanos e Saúde’.

Uma caravana de Mossoró, formada por representantes da Frente Municipal contra a Privatização da Saúde, participará das atividades. A Frente é composta pelas seguintes entidades: Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Previdência e Trabalho (SINDPREVS), Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (SINDSAÚDE), Grupo Aprendendo a Viver Positivamente (GAV +) e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), através da Faculdade de Serviço Social (FASSO).

Pacientes a espera de leitos, hospitais com corredores congestionados, familiares sofrendo com a angústia de não poder ajudar um ente querido, unidades que se tornaram defasadas para atender a demanda dos municípios e mesmo um hospital novo marcado por impasses que prejudicam o atendimento adequado à população, desenham um quadro que impede qualquer tipo de comemoração pela passagem da data no Estado, a exemplo do que acontece em outros locais do País.

“Não há motivos para comemoração”, lembra o coordenador regional do Sindsaúde, João Morais. “Recentemente, uma criança veio a óbito esperando por um leito, saiu na imprensa. Pacientes nos hospitais, nos corredores, falta de maca. Isso é uma vergonha para os governos. Nas unidades de saúde chega a faltar medicamento, esparadrapo, soro. Infelizmente não temos o que comemorar”, diz ele.

O coordenador também cita o atraso no pagamento dos funcionários terceirizados, por parte do Governo do Estado, as obras que se arrastam ao longo do tempo, como é o caso da ampliação do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) e da reforma do Hospital Regional Rafael Fernandes, cujos trabalhos foram iniciados há um ano e seis meses e a terceirização da saúde, com exemplo no Hospital da Mulher Parteira Maria Correia.

Outro ponto precário mencionado por João Morais diz respeito a quantidade de agentes comunitários de saúde. Segundo ele, o projeto existente no ano de 2006 previa a atuação de 530 agentes. Hoje, sete anos depois, o número de profissionais em campo segundo dados do Sindsaúde, é 388.

Agente comunitária de saúde, Antônia Gessia acrescenta que os usuários do sistema reclamam muito. Segundo ela, uma das dificuldades é em relação a realização de exames de alta complexidade, como tomografia e ressonância magnética, pelos quais os usuários chegam a esperar até um ou dois anos.

Marcos Fontes, que integra a Frente como representante do GAV +, cita ainda o caso da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Belo Horizonte, que foi inaugurada no ano passado, mas que ainda não está em funcionamento. “Se a atenção primária não funciona é muito complicado, porque vai cair na urgência e emergência e não resolve”, afirma.

Os integrantes da Frente lembram que muitos são os pontos críticos, entre eles, a saúde materno-infantil e a assistência preventiva.

Para a professora de Serviço Social (FASSO) da Uern, dra. Aione Sousa, cujo trabalho de doutorado foi baseado na análise da saúde em Mossoró, o problema não está na falta de dinheiro, mas no destino da aplicação dos recursos. O trabalho, intitulado ‘As relações entre o público e o privado na saúde de Mossoró’, constatou, através da análise de relatórios do próprio Estado, que os recursos empreendidos no ano de 2011 para o Hospital da Mulher, superaram a soma dos valores destinados aos outros três hospitais públicos da cidade – Tarcísio Maia, Rafael Fernandes e Hospital da Polícia, no mesmo período. “Eu vi que a maior parte vai para a contratação de serviço”, informa a docente.

Marcos Fontes acredita que, além de prever metas e prazos, a elaboração do Pacto pela Saúde deveria contar, implicitamente, com formas de penalidades caso as metas previstas não fossem alcançadas.
Com o objetivo de colaborar com a melhoria no sistema de saúde, a Frente está tentando se organizar, formalizando denúncias. Para Aione Sousa, o papel da imprensa é de grande importância, no sentido de deixar a população a par do que está ocorrendo, porque cada pessoa sabe do seu caso específico, mas não, muitas vezes, conhecimento sobre a situação geral.

A reportagem da GAZETA DO OESTE entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para saber quais as providências que estão sendo adotadas para solucionar os problemas que competem ao município. De acordo com a responsável pela Secretaria, Jacqueline Amaral, no começo do ano foi realiza licitação e quando o resultado foi divulgado teve início um processo de compras. Segundo ela, uma pessoa responsável pelo assunto está visitando todas as unidades para saber quais as necessidades e as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão funcionando.

No que se refere à demora na realização de procedimentos médicos, ela afirma que, quando isso acontece é porque o número de especialistas na rede não é suficiente, mas quando há profissionais, o município realiza a contratação. Segundo a Secretaria, Mossoró é referência, em nível de Nordeste, em traumatologia e os atendimentos de ortopedia são realizados no Centro Clínico Professor Vingt-un Rosado (PAM do Bom Jardim).

Com relação à marcação de exames, Jacqueline Amaral diz que foi realizada uma reunião com a nova gerência responsável e que a orientação é de que as marcações sejam realizadas assim que for encerrada a consulta. Segundo ela, antes havia demora porque essa marcação era realizada somente uma vez por semana.

Já no que diz respeito ao número de agentes, a secretária comenta que, como Mossoró é uma cidade que cresce muito a demanda pelo Programa Saúde da Família (PSF) é grande, a questão será observada para sanar o problema das áreas descobertas.

A reportagem da GAZETA DO OESTE também entrou em contato com a Secretaria de Saúde Pública do Estado (SESAP), através da assessoria de comunicação, que ficou de enviar resposta por e-mail. Até o horário do fechamento desta edição, no entanto, nenhuma resposta havia sido encaminhada.

Fonte: Gazeta do Oeste – 05/04/2013

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