Dia de greve geral mobiliza trabalhadores
de 23 países da Europa
Greve contra os cortes da troika e a
política de austeridade dos governos é forte em Portugal, no Estado Espanhol, e
atinge também Grécia e Itália
O dia de greve geral unificada na Europa
neste 14 de novembro já pode ser considerado um marco na luta dos trabalhadores
europeus contra a política de cortes e austeridade imposta pela troika (Banco
Central Europeu, FMI e Comissão Europeia). Inicialmente convocada em Portugal,
ela teve adesão no Estado Espanhol e posteriormente na Grécia, que realizou
greve parcial de 3 horas, e Itália (que paralisou por 4 horas). O 14-N contou
ainda com mobilizações na Inglaterra, França e em pelo menos 23 países do
continente.
Maior greve de Portugal
Em Portugal, a CGTP (Confederação Geral
dos Trabalhadores Portugueses) estima que o 14-N tenha sido “uma das maiores
greves gerais já realizadas” no país. Apesar da outra grande central no país, a
UGT, ter se negado a convocar a greve, vários sindicatos da base aderiram à
paralisação contra os cortes do governo de Passos Coelho.
Como ocorre tradicionalmente, o setor
dos transportes foi a vanguarda da greve, que teve também a participação dos
trabalhadores bancários, o que não havia acontecido nas greves anteriores. Os
serviços públicos, escolas e universidades também pararam quase que
completamente no país. Cerca de 200 voos foram cancelados devido à greve.
A greve geral em Portugal ocorre no
mesmo dia em que é anunciado o mais novo recorde nos índices de desemprego do
país, de 15,8% da população. Entre os jovens (entre 15 e 24 anos), essa
situação é ainda mais dramática, atingindo 39% dos portugueses. Apesar disso, o
governo aprofunda sua política de cortes e flexibilização de direitos.
Mobilização e repressão no Estado
Espanhol
O 14-N começou forte também no Estado
Espanhol. As centrais sindicais estimam a adesão à greve geral em mais de 75%,
o que significa quase seis milhões de trabalhadores de braços cruzados em todo
o país. A paralisação atingiu principalmente a grande indústria, com impactos
importantes na siderurgia, indústria química e construção. O setor dos
transportes e público também parou. Pelo menos 202 vôos foram cancelados.
A greve geral no Estado Espanhol se
enfrentou com a repressão policial, como em Madri e Barcelona, com o saldo de
82 feridos e 34 detidos até o fechamento desse texto.
Enquanto as centrais sindicais CCOO
(Comisiones Obreras) e UGT (Union General de Trabajadores) reivindicam um
programa rebaixado, como a convocação de um referendo sobre os cortes e a
exigência de uma “negociação” entre o governo de Mariano Rajoy e o congresso, o
sindicalismo classista e alternativo se lança à greve exigindo o não pagamento
da dívida, o fim dos cortes, não ao pacto social e a “demissão” do governo.
Em Madri, a plataforma "Toma la
Huelga" (que reúne grupos como o 15-M e a coordenação do 25-S) fez um
chamado para que a greve não se limite aos locais de trabalho, mas para que se
ampliem e parem toda a cidade. A convocatória convida ainda o cercamento do
Congresso no final do dia.
Mobilizações estudantis e repressão na
Itália
O dia foi também de fortes protestos na
Itália. Milhares de estudantes foram às ruas contra os cortes na Educação em 87
cidades no país. Houve repressão e enfrentamentos com a polícia em cidades como
Roma, Turín e Milão.
Apesar das limitações e bloqueios interpostos
pelas burocracias das cúpulas sindicais, o 14-N representa a primeira ação de
resistência articulada e unificada entre os países da Europa, colocando a
resposta dos trabalhadores à crise num novo e inédito patamar.
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