quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Epidemia

Mossoró pode ter surto de dengue
A cidade de Mossoró, a 285km de Natal, corre risco de enfrentar uma epidemia de dengue este ano, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Ministério da Saúde. Os dados são do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa) 2009. Outros nove municípios - Cárceres (MT), Palmas (TO), Barretos e Presidente Prudente (SP), Governador Valadares e Ipatinga (MG), Camaçari, Ilhéus e Itabuna (BA) brasileiros correm o mesmo risco, enquanto 102 estão em situação de alerta. O Liraa avaliou 157 municípios.

O Liraa divide os resultados em três grupos. Encontrar o Aedes aegypti, vetor de transmissão da dengue, em até 1% das residências visitadas é considerado "satisfatório". Para o município ser enquadrado em "situação de alerta", precisa haver registros do mosquito numa proporção entre 1% e 3,9%. O "risco de surto" é considerado para aqueles em que houver presença do mosquito em mais de 4% das residências ou ambientes visitados. O último levantamento sobre a dengue foi divulgado em outubro, no dia 29, e registrou queda de 46,3% no número de casos, na comparação entre janeiro e agosto de 2009 e 2008.

O índice de Mossoró é de 4,1%. De acordo com a subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde Pública do RN (Sesap-RN), Juliana Araújo, está acima do preconizado pelo Ministério da Saúde. "Significa que tem uma possibilidade de transmissão da doença. Mas também tem que ser observado o fato desse ano ter registrado o menor índice desde 2004. Este ano é um dos melhores de Mossoró", citou.
Água
O levantamento apresentou também um retrato dos tipos de criadouros mais comuns em cada região - águas, lixo e residência. A maioria das larvas encontradas nas regiões Norte e Nordeste estão ligadas aos ambientes de abastecimento de água.

E esse é o principal problema enfrentado por Mossoró, afirma a gerente de saúde Jaqueline Amaral. "Desde o começo do ano temos trabalhado com contenção. Mas Mossoró tem um sério problema de abastecimento de água, devido a isso as pessoas depositam água em reservatórios inadequados. Fizemos uma série de medidas junto à população, contratamos a retirada de pneus, limpeza de terrenos baldios e prédios fechados. A gente tem feito muita coisa e continua trabalhando nisso", afirmou.
Fonte: jornal Diário de Natal - 25/11/09

Influenza A

Mossoró tem um caso confirmado de gripe suína

A Secretaria de Saúde registra o primeiro caso da Influenza A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, no município. No início desta semana, a suspeita foi confirmada oficialmente através do resultado do exame realizado em Belém (PA).

O coordenador do Grupo de Prevenção à Gripe Suína em Mossoró, Luiz Gomes, informa que atendendo a uma orientação do Ministério da Saúde (MS) não é possível revelar a identidade da pessoa infectada. "Por ser uma doença nova, existe muito preconceito da população", justifica. No entanto, ele ressalta que devido à demora do resultado do exame, esta pessoa já deve estar curada.

Para o laboratório foram enviados dez exames de pessoas mossoroenses com suspeita da Influenza A (H1N1), sendo que, até o momento, apenas um foi confirmado. "Já recebemos alguns exames que tiveram o resultado negativo e outros ainda estamos esperando o resultado", afirma Gomes.

Ele enfatiza que devido à confirmação do caso, é possível afirmar que o vírus da doença está circulando pela cidade, assim como em outras regiões do país. No entanto, não há motivos para a população se preocupar, segundo afirma o infectologista Alfredo Passalaqua.

O especialista diz que embora seja uma doença nova, para prevenir a Influenza A (H1N1) o cidadão basta ter cuidados normais, como nos casos de gripe normal. "As crianças, os idosos e pessoas com doenças crônicas merecem um cuidado especial", frisa.

Ele orienta que as pessoas evitem estar em locais com aglomeração, mantenham uma boa higiene, principalmente lavando bem as mãos, e mantenham sempre uma boa alimentação. E em caso de infecção respiratória procurar um médico para que este possa receitar o tratamento adequado.

Alfredo Passalaqua salienta que o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) dispõe de uma quantidade de Tamiflu (medicamento utilizado no combate à gripe suína) suficiente para atender um número significativo de pacientes da cidade.
Fonte: jornal O mossoroense - 25/11/09

Descaso

Moradores reclamam de esgoto estourado


Moradores da rua Nicássio Costa de Araújo, no bairro Santo Antônio, reclamam de um esgoto que corre a céu aberto há muito tempo. Poças de lama e esgoto se concentram em frente ao Posto de Saúde Dr. Joaquim Saldanha. Segundo a moradora Jussara Ribeiro de Melo, 33 anos, desde que ela nasceu a situação lá é a mesma. "Eu nasci e me criei aqui, e isso sempre foi assim", diz ela. "Só na época de política que eles vêm e limpam tudo. Quando chove, a situação fica muito pior."

Procurada pela reportagem do jornal O Mossoroense, a Secretaria de Desenvolvimento Territorial, Kátia Pinto, informou que enviaria hoje um engenheiro para verificar as origens do problema do esgoto, uma vez que aquela região ainda não dispõe de saneamento básico.

Fonte: jornal O mossoroense - 25/11/09

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pelegos

Diretoria do Sindserpum desrespeita assembleia do Sindsaúde


O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindserpum), dirigido pelo PT e pela CUT, não se cansa de desrespeitar as decisões dos trabalhadores da saúde, que em sua maioria são representados pelo Sindsaúde/RN no município. No último dia 13, sexta-feira, a vice-presidente do Sindserpum, Marilda de Souza, resolveu passar por cima de uma decisão dos agentes de endemias, aprovada em assembleia no dia anterior.
Na quinta-feira, 12, o Sindsaúde realizou uma assembleia com cerca de 60 agentes endemias com o objetivo de discutir uma saída para o fim do pagamento do auxílio-transporte. Reunida na sede do sindicato, a categoria aprovou que trabalharia em horário corrido, das 7 h às 13h, para compensar a retirada do direito. O Sindsaúde informou, através de um ofício, a Gerente Executiva da Saúde, Jakeline Amaral, que os agentes de endemias passariam a trabalhar em novo horário a partir do dia 18, após 72 horas.
Sabendo da decisão, a vice-presidente do Sindserpum, Marilda de Souza, procurou a Supervisão Geral dos Agentes de Endemias para dizer que o Sindsaúde não representava a categoria e que a assembleia realizada não era legítima. E o pior: Marilda, sem ouvir nenhum trabalhador, disse aos supervisores que já estava negociando um acordo com a prefeitura sobre o auxílio-transporte. Isto é, além de derrotar a greve de agosto/setembro, os pelegos ainda tomam decisões sem ouvir a base.
A diretoria traidora do Sindserpum insiste em inventar uma representatividade que não existe. Dos 170 agentes de endemias de Mossoró, cerca de 70% são filiados ao Sindsaúde. Portanto, a maioria dos trabalhadores se sente representado por este sindicato. Vale lembrar que esse reconhecimento foi conquistado nas lutas do dia-a-dia.
A atitude do Sindserpum mostra que sua diretoria não respeita a vontade dos agentes de endemias e despreza completamente os espaços de decisão dos trabalhadores da saúde, como é o caso das assembleias.

Humor

CHARGE




Retirado do jornal O mossoroense - 20/11/09

Pobreza

América Latina terá mais nove milhões de pobres em 2009 devido à crise mundial

A atual crise financeira que afeta o mundo fará com que nove milhões de pessoas caiam em situação de pobreza na América Latina este ano, segundo o relatório Panorama Social da América Latina 2009, apresentado ontem.

No estudo, a Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal) projeta que a pobreza na região aumentará 1,1%, e a indigência subirá 0,8% em relação a 2008.

Assim, as pessoas em situação de pobreza passarão de 180 milhões a 189 milhões em 2009 (34,1% da população), enquanto as pessoas em situação de indigência aumentarão de 71 milhões para 76 milhões (13,7% da população).

Estes números indicam uma mudança na tendência da redução da pobreza que a região vinha registrando.

O estudo da Cepal revela também que a pobreza atinge mais forte na América Latina as crianças e mulheres que o resto da população: é 1,7 vez mais alta nos com menos de 15 anos que em adultos, e 1,15 vez maior em mulheres que em homens.

Os nove milhões de pessoas equivalem a quase 25% da população que tinha superado a pobreza entre 2002 e 2008 (41 milhões de pessoas) graças ao maior crescimento econômico, à expansão da despesa social, o bônus demográfico e as melhoras na distribuição, segundo o estudo.

O aumento projetado na pobreza para 2009 adiará o cumprimento do primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, que consiste em erradicar a pobreza extrema da fome até 2015. Assim, 85% do avanço registrado na região neste âmbito em 2008 cairá para 78% em 2009.

Espera-se que alguns países, como o México, por exemplo, registrem altas nos níveis de pobreza e indigência superiores à média, devido à redução do Produto Interno Bruto (PIB) e à deterioração da situação de emprego e salários.

No entanto, a atual crise terá impacto inferior sobre a situação de pobreza regional, comparado a turbulências anteriores, como a crise mexicana de 1995, a crise asiática de 1988-2000 e a crise argentina de 2001 e 2002.

Por enquanto, a região conseguiu manter o poder aquisitivo das remunerações e baixas taxas de inflação.

Aposentadoria

Fim do fator previdenciário avança na Câmara
Governo quer colocar no lugar o fator 85/95, acertado com CUT e Força Sindical
A Comissão de Constituição e Justiça, espécie de ante-sala da Câmara para avalizar os projetos votados pelos deputados, aprovou nesse dia 17 o Projeto de Lei que extingue o fator previdenciário. Ele segue agora para votação em plenário. O projeto, de autoria do Senador Paulo Paim (PT-RS), já foi aprovado pelo Senado, a exemplo do Projeto de Lei 01/07 que garante o mesmo índice de reajuste do salário mínimo a todas as aposentadorias, que o governo mantém emperrada na Câmara.

A extinção do fator foi aprovada por unanimidade na Comissão, inclusive por parlamentares da base aliada. Isso porque, para ser aprovado, o relator da proposta, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) retirou de seu parecer a afirmação de que a proposta do governo e das centrais sindicais, como CUT e Força Sindical, era inconstitucional. Essa proposta pretende substituir o fator previdenciário pelo chamado fator 85/95. A medida foi concretizada em um projeto apresentado pelo deputado Pepe Vargas (PT-RS).
Ataque aos aposentados
A manobra do governo está clara. Deixar tramitar o projeto que estabelece o fim do fator previdenciário para logo depois instituir o “fator 85/95”. Esse fator está no pacote acertado pelo governo e centrais como CUT, Força Sindical e CGTB sobre aposentadorias. Além de não estabelecer a paridade nos reajustes dos benefícios ele impõe esse novo fator que pode, na prática, ser até pior que o fator previdenciário.
Hoje, o fator previdenciário parte de um cálculo envolvendo a expectativa de vida, tempo de contribuição e a idade do trabalhador. Ele obriga o contribuinte a se aposentar cada vez mais tarde, sob pena de ter um benefício menor. O fator 85/95 estabelece aposentadoria integral aos trabalhadores que conseguirem atingir 95 (85 no caso das mulheres) na soma da idade e tempo de contribuição.
Já o governo aposta na tática de terrorismo para derrotar o projeto de extinção do fator, afirmando até que a medida causaria um rombo de 6% no PIB do país. Segundo cálculos de deputados favoráveis ao fim do fator, porém, a medida representaria um adicional de R$ 5 bilhões à previdência. Só para efeito de comparação, acabou de ser divulgado pelo próprio ministério da Fazenda que as isenções concedidas pelo governo a empresários já representam R$ 23 bilhões.
Governo e CUT X aposentados
Os dois projetos sobre aposentadorias que tramitam na Câmara são uma pedra no sapato do governo. Felizmente, para o governo não para os trabalhadores, Lula tem a CUT ao seu lado para resolver isso. O projeto acordado com o governo vai servir para tentar amenizar o desgaste do veto à extensão do reajuste do mínimo ao conjunto das aposentadorias e ao fim do fator previdenciário.
O governo Lula pretende aprovar o acordo com as centrais, se for o caso, através de Medida Provisória. Além de criar o fator 85/95, esse projeto cria a seguinte regra para o reajuste das aposentadorias acima do mínimo: a inflação mais metade da variação do PIB de dois anos anteriores. Ou seja, mantém o vergonhoso arrocho nas aposentadorias, além da tendência de achatamento dos benefícios.
Reajuste igual para todos e fim do fator previdenciário!
Nem todas as entidades se ajoelharam perante o governo. A Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados) e centrais como a Conlutas, CTB, UGT, NCST e FS denunciaram o acordo e se mobilizam pelos projetos já aprovados no Senado. A Conlutas vem participando ativamente dos protestos organizados pela Cobap em Brasília, assim como das caravanas de aposentados de todo país.
"Num ano em que o governo entregou bilhões do dinheiro público para banqueiros, montadoras, empresários da construção civil, agro-negócio e diversos outros seguimentos da indústria, enquanto muitos trabalhadores perderam empregos, reduzindo salários e direitos, não cabe o argumento de que não há recursos para garantir a aprovação desses projetos”, afirma Atnágoras Lopes, da Secretaria Nacional Executiva da Conlutas.
“A demonstração de força, determinação, disposição de luta e muita garra desses homens e mulheres que construíram a riqueza de nosso país, já demonstrou que irá derrotar a intransigência vergonhosa do governo Lula, do PT, da Força Sindical e da CUT”, ressalta o dirigente.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Paralisação

Mossoró vai a protesto em Natal




Na manhã de ontem, 18, a Regional do Sindsaúde de Mossoró esteve em Natal para participar de uma manifestação, em frente ao prédio da Secretaria Estadual de Saúde Pública, com o objetivo de cobrar do governo o reajuste da categoria. O protesto contou com a participação de trabalhadores de Currais Novos, Caicó, Pau dos Ferros e outros municípios. Durante o ato também foi servido uma café da manhã para os servidores. A manifestação serviu para avisar ao governo que os trabalhadores do estado vão paralisar as atividades a partir de 1º de dezembro.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Na luta

Greve do Detran chega a 13 dias sem definição

Os serviços do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (Detran) continuam paralisados por tempo indeterminado. Os servidores do órgão estão em greve há treze dias e aguardam uma definição do governo estadual.

Entre as reivindicações dos servidores, está a reestruturação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS's) e a realização do concurso público destinado ao preenchimento de vagas do quadro pessoal.

O presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta do Estado (Sinai), Santino Arruda Silva, informou que os servidores aguardam uma resposta do governo sobre a proposta apresentada. "Queremos negociar. O que a categoria não aceita é prorrogar as negociações para o próximo ano. A proposta que apresentamos na quinta passada, não foi aceita. Apresentamos outra e estamos aguardando uma definição", disse.

A decisão da greve foi tomada no dia 19 de outubro em assembleia dos servidores com o Sinai. A paralisação dos serviços do Detran, como a retirada e renovação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e registro de novos carros ficarão paralisados, teve início em 03 de novembro.

Por Marcela Cavalcanti, da redação do DIARIODENATAL.COM.BR

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

HUMOR

CHARGE



Apagão

O Brasil na escuridão de novo

Blecaute que atingiu 18 estados brasileiros lembrou apagão do Governo FHC: mera coincidência?

Jeferson Chomada redação do Opinião Socialista


Parte do Brasil ficou às escuras na madrugada do dia 11. Um blecaute deixou na escuridão as cidades e estados com maior população do país. Muitos foram pegos de surpresa quando voltavam do trabalho ou da escola. Outros ficaram presos em trens ou metrôs paralisados pela falta de energia. A escuridão também colocou os trabalhadores à mercê de marginais e aproveitadores, que tiraram vantagem da situação para cometer crimes.

Nas ruas da capital paulista, a polícia realizou rondas ostensivas com algo mais do que sua costumeira truculência. Nos hospitais públicos e postos de saúde, o atendimento foi extremamente prejudicado. A maioria dos celulares ficou muda devido à pane das operadoras de telefonia. Mesmo depois do retorno da luz, mais três milhões ainda sofreram com a falta de água devido à paralisação das estações de tratamento.

Como sempre acontece, o primeiro culpado apontado pelos governantes foi São Pedro. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou nesta quarta-feira que o blecaute teve origem em função de condições adversas meteorológicas no interior do Paraná. “Não há danificação de equipamentos. Houve uma frente [fria] muito forte, com ventos e chuvas muito fortes”, explicou. Conforme a versão oficial do governo, os ventos causaram problemas em três linhas de transmissão, que recebem energia vinda da usina hidrelétrica de Itaipu (PR).

Mas, segundo a meteorologista Camila Ramos, da Climatempo, não havia zonas de instabilidade climática na região da Hidrelétrica de Itaipu (na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina) no momento do apagão.

Embora a causa definitiva do blecaute ainda não tenha sido diagnosticada, o governo se apressa para tentar minimizar o desgaste transferindo a responsabilidade do apagão para a natureza. Algo absolutamente necessário, sobretudo para evitar que o blecaute seja rotulado como o “apagão da Dilma”, candidata do PT à Presidência, que há duas semanas garantiu o fim dos apagões elétricos no programa de rádio Bom Dia, Ministro.

Os verdadeiros motivos que levaram o blecaute não serão esclarecidos rapidamente. Talvez nunca saibamos exatamente quais foram suas causas reais. Mas podemos supor alguns dos ingredientes que levaram novamente o Brasil para o caminho da escuridão.

Entrega do patrimônio nacional

O governo tucano levou o Brasil à escuridão nos apagões de 1999 e 2001, logo após as privatizações realizadas do setor elétrico. A privatização provocou as deficiências da oferta de energia de que o país dispunha e uma óbvia queda da qualidade dos serviços. Cerca de 100 mil postos de trabalho (50% da mão-de-obra) foram extintos pelas empresas depois que se tornaram privadas. Também foi criada a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma agência reguladora neoliberal, cuja função é atender os interesses do grande capital.

A desregulamentação do setor levou o governo federal a promover, através da Aneel, leilões para expandir o sistema de transmissão elétrica do país. FHC realizou cinco deles, e Lula realizou os seus. Desde dentão, mais de 70% do mercado de distribuição foi parar nas mãos de empresas privadas, assim como cerca de 20% da geração de energia, segundo estudos do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Por trás dos arremates feitos pelas empresas privadas estavam os favorecimentos concedidos por meio dos generosos empréstimos do BNDES, que entre 2003 a 2006 somaram R$ 5,5 bilhões. A iniciativa privada contou ainda com outras mamatas, como permissão para obter empréstimos fora do país, não operar as linhas adquiridas nos leilões, ou ainda atuar em bloco para arrematá-los.

Já as estatais, apesar de deterem o controle majoritário da produção de energia (investimento considerado mais custoso) operam as linhas de transmissão de forma minoritária. Frei Betto, alguém que está longe de representar qualquer linha de oposição ao governo petista, explica por quê: “A resposta, simples, é de fazer corar quem esperava do PT um governo minimamente nacionalista: não se permite que sejam financiadas pelo BNDES. E não podem captar dinheiro fora do país, como fazem as transnacionais. Assim, sobra às empresas federais apenas a possibilidade de, nos leilões, fazerem lances, com capital próprio, em linhas pequenas” (“A privatização do setor elétrico está de volta?” – Correio da Cidadania).

O resultado foi que entre 2000 a 2002, lembra Frei Betto, as empresas estrangeiras obtiveram 49% das linhas leiloadas; as empresas privadas brasileiras, 36%; as parcerias estatais/privadas, 15%.

Entre 2003 a 2006, já no governo Lula, as estrangeiras passaram a abocanhar 65% das linhas leiloadas, enquanto as associações entre estatais e privadas obtiveram 25%. Apenas em 2006, as estrangeiras levaram 84% das linhas de transmissões leiloadas. É bom lembrar que todos esses leilões foram realizados quando a “nacionalista” Dilma Rousseff estava à frente do Ministério das Minas e Energia.

O presidente Lula diz, em seus discursos, que pretende transformar a Eletrobrás numa grande empresa estatal “do mesmo porte de uma Petrobras”. No entanto, seu governo mantém a entrega das estratégicas linhas de transmissão e ainda prevê que mais 19 linhas de transmissão e nove subestações sejam leiloadas nos próximos meses pela Aneel. Estão na mira 2,4 quilômetros de linhas de transmissão que servirão 13 estados, segundo a agência.

Integrantes do governo enchem a boca para falar sobre a eficiência da produção e transmissão energética do país. Contudo, mantêm a mesma política neoliberal tucana que golpeia o que antes era uma conquista das estatais. Como nos tempos de FHC, essa política joga o país na escuridão.

Machismo

Sob pressão, Uniban recua e desiste de expulsar Geyse


Luciana Candido, do Opinião Socialista


Por causa de um vestido, a aluna Geyse Arruda foi julgada pela primeira vez pelos alunos da Universidade Bandeirante (Uniban) e por pouco não foi apedrejada. Neste domingo, ela foi declarada culpada novamente. Desta vez, pela própria universidade, que tomou uma atitude digna da inquisição. Um informe publicitário publicado nos principais jornais de São Paulo informava que Geyse seria expulsa, e culpava-a, “por faltar com a moralidade".



No fim da tarde desta segunda, 9 de novembro, centenas de pessoas se reuniram em frente ao campus. Eram representantes de entidades sindicais e estudantis, partidos, ONGs, trabalhadores e estudantes que foram até lá para prestar solidariedade e, principalmente, protestar contra as atitudes grotescas dos alunos e da própria universidade.



Durante o ato, os manifestantes receberam a notícia de que a Uniban havia recuado de sua decisão de expulsar a vítima. O anúncio, no entanto, não foi suficiente para acabar com a manifestação. O fato já estava consumado e a Uniban já tinha legitimado o machismo e a selvageria protagonizados por seus alunos. Nada apaga isso. Dentro do campus, alguns alunos defendiam a instituição. Separados dos manifestantes por uma grade, vaiavam as falas no carro de som e gritavam “Fora! Fora!”.


A imprensa compareceu em peso. A apresentadora Sabrina Sato, do programa Pânico, usava um microvestido rosa, em alusão ao de Geyse. Os alunos machistas da Uniban, não a atacaram da mesma forma que à Geyse, mas a cercaram e gritaram “Fica! Fica!”. Natural, para quem considera a mulher um pedaço de carne a ser consumido.


O recuo

A nota em que a Uniban revê a expulsão de Geyse é direta: “O reitor da Universidade Bandeirante – Uniban Brasil, de acordo com o artigo 17, inciso IX e XI, de seu Regimento Interno, revoga a decisão do Conselho Universitário (CONSU) proferida no último dia 6 sobre o episódio do dia 22 de outubro, em seu campus em São Bernardo do Campo. Com isso, o reitor dará melhor encaminhamento à decisão”. Ao contrário da nota de expulsão.


“A educação se faz com atitude e não com complacência” é o título da nota inusitada, que diz que Geyse teve uma atitude provocativa. A Uniban, que está sendo chamada de “Unitaleban” amplamente na internet e entre os movimentos sociais, justificou: “[a atitude provocativa] buscou chamar atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa ação coletiva de defesa do ambiente escolar”.


Perplexidade


Poucos fatos geram tanta unidade como gerou o caso Geyse. Não fosse por uma minoria de alunos que se sentiram maculados pela repercussão, a posição de rechaço a esta violência teria sido unânime.

Perplexidade talvez seja a melhor palavra para classificar o fato de setores tão diferentes terem se manifestado a favor de Geyse. Houve, é claro, um oportunismo da imprensa, que a levou a programas sensacionalistas bizarros que preenchem (ou esvaziam) as tardes semanais. Mas até a grande imprensa foi obrigada a reconhecer o absurdo retorno à Idade Média promovido pela Uniban.

As organizações feministas, evidentemente, foram as primeiras a se manifestar. A Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e a Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel) divulgaram uma nota conjunta em que afirmam que “ao invés de questionar a vestimenta da estudante, os estudantes deveriam questionar a mercantilização do corpo da mulher, e ao invés de culpabilizar as mulheres pelas roupas que usam, devem-se questionar os valores impostos na nossa sociedade que levam a manifestações animalizadas”.

Articulistas se manifestaram rapidamente, expressando repulsa, antes mesmo da expulsão. Em artigo intitulado “A culpada é a vítima”, publicado no Observatório da Imprensa, a jornalista Ligia Martins de Almeida relembrou o assassinato de Ângela Diniz por Doca Street, quando ela foi responsabilizada pela própria morte. “Quando parecia que as mulheres vítimas de violência não seriam mais tratadas como culpadas – como ocorreu quando Doca Street matou a socialite Ângela Diniz – acontece o caso de Geisy Arruda, a estudante da Uniban, em São Paulo”, diz Ligia.

O renomado psicanalista Contardo Calligaris também criticou duramente a atitude dos alunos. Em seu blog, pede desculpas às feministas. “Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, ao meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado”.

A situação, de tão inverossímil, também provocou protestos bem humorados, como o novo apelido da instituição – Unitaleban – e as fotos de burkas que circulam pela internet como o novo uniforme da Uniban. Também não faltam críticas ao responsável de marketing da universidade, visto que a decisão, além de reacionária, foi um tiro no próprio pé. Até o Ministério da Educação e Cultura (MEC) cobrou explicações da universidade. O Ministério Público Federal instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da expulsão.


Que ambiente estavam defendendo?


Que houve uma reação coletiva, como afirma a nota da Uniban, não há dúvidas. Mas não foi, num primeiro momento, de defesa do ambiente escolar. Foi uma reação violenta a um comportamento: a escolha da jovem por uma determinada roupa. Desta reação, encabeçada pelos homens, participaram também, tristemente, mulheres. Essas últimas deram o sinal verde para que, amanhã ou depois, estes mesmos homens as ofendam e agridam por qualquer motivo.

Num segundo momento, após a repercussão, houve sim uma defesa coletiva da instituição por parte dos alunos. Eles argumentam que a imagem da universidade está sendo manchada por Geyse. Porém só quem pode ter manchado a imagem da universidade são os próprios alunos animalizados, que chegaram a escalar as paredes para ver a moça pela janela da sala. Isso está registrado em vídeos amplamente divulgados.

Estes alunos envergonham a juventude brasileira que, esperamos que, em sua maioria, não concorde com tal barbaridade. Não representam a opinião do conjunto da juventude felizmente. No entanto, há de se pensar até quando isso vai durar. O retrocesso que houve no terreno moral nos últimos dez ou quinze anos é algo a ser estudando. Entre os argumentos pró-Uniban, prevaleceu o individualismo, a vontade egoísta de pegar seu diploma e ir ao mercado de trabalho mesmo que passando por cima de qualquer senso de humanidade.

Quanto à Uniban, esta foi a prova mais concreta da decadência da educação. Longe de uma instituição de ensino de qualidade, que privilegie a formação. Ao contrário do que afirmou na nota paga de domingo, a instituição não tem nenhum “compromisso com a responsabilidade social e a promoção dos valores que regem uma instituição de ensino superior”, a menos que os valores aqui referidos sejam o preconceito, a discriminação, a violência e a violação de direitos humanos.

O único compromisso da Uniban é com o lucro. Universidade só leva no nome, quando não passa de um supermercado de ensino, de uma fábrica de diplomas. É impensável que uma instituição de ensino verdadeiramente preocupada com a educação pudesse concordar e respaldar tais atitudes de seus alunos – no caso da Uniban, clientes.

A propósito, o advogado da Uniban, Décio Lencioni Machado, que responsabilizou Geisy pela sua expulsão, preside a Comissão de Legislação e Normas do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Ele também é conselheiro da Câmara de Educação Superior. Isso mostra a verdadeira relação do Estado com a educação.

Este é o resultado de anos de neoliberalismo, de privatização do ensino, de Fies e ProUnis que disseminam o ensino privado, longe de facilitar o acesso à universidade. E de um modelo de educação voltada para inculcar nas cabeças de seus clientes o que há de pior, ideologicamente, na sociedade. Tudo em nome de um sistema que transforma tudo e todos em simples mercadorias.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Unificação Conlutas/Intersindical

Um seminário que pode ficar na história
Congresso em 2010 deve fundar uma nova central e fazer avançar a reorganização dos trabalhadores
Eduardo Almeida Neto, editor do Opinião Socialista
Nos abraços fortes se mostrava a alegria. Em alguns rostos, lágrimas de emoção. Militantes da Conlutas usavam também no peito os adesivos da Intersindical e vice-versa. Terminou em vitória o Seminário Nacional de Reorganização, nos dias 1º e 2 de novembro, em São Paulo. A emoção foi maior porque se definiu convocar um congresso unitário para 2010.
No congresso, a base irá decidir sobre as diferenças apresentadas nos 25 debates regionais que antecederam o seminário. Existiam grandes acordos como a necessária independência frente ao Estado, a perspectiva socialista, a defesa da ação direta das massas como instrumento privilegiado de luta e muitos outros temas. Mas também surgiram diferenças importantes.
As duas maiores eram sobre o caráter da nova central e sobre a composição da direção. Sobre o caráter, a Conlutas defende uma central que, além dos sindicatos, incorpore o movimento popular e estudantil e os movimentos contra as opressões. Já a Intersindical e outros setores defendem uma central fundamentalmente sindical.
Em relação à composição da direção da central, a Conlutas defende que ela seja indicada pela base a partir das organizações filiadas, com os critérios tradicionais de proporcionalidade direta. Já a Intersindical privilegia, em um primeiro momento, um acordo entre as correntes políticas da central.
A Conlutas propôs duas alternativas, caso não se superassem as diferenças: a primeira seria fazer o congresso de unificação em base aos acordos que já existem, e deixar a base do congresso decidir as diferenças, com o compromisso de todos de acatar o resultado da votação. Nesse caso, a Conlutas propunha que os delegados dos sindicatos – cuja participação e poder de voto ninguém questionava – decidissem sobre as diferenças. Uma segunda proposta era de, caso não houvesse acordo, manter uma Comissão de Reorganização, com um plano de ação unificado e a continuidade das discussões, dando tempo para que as diferenças fossem superadas.
Durante o seminário, a discussão sobre estes temas se fez presente já no primeiro ponto, que deveria discutir a conjuntura política. Houve uma novidade importante, com a representante do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), Janira Rocha, fazendo uma defesa acalorada na necessidade da unidade e apoiando a proposta da Conlutas de que o próprio congresso unificado deliberasse sobre as diferenças. Foi seguida por outros setores, como o MTST, com a mesma compreensão. Nessa noite, na comissão que dirigia os trabalhos, só os representantes da Intersindical seguiam contrários a essa proposta.
No dia seguinte, no entanto, pesaram mais os pontos de acordo existentes e a perspectiva de uma central unitária. A Intersindical reavaliou sua posição, e foi possível apresentar ao plenário uma proposta unificada, que inclui a marcação do congresso unitário para o início de junho de 2010, onde os delegados do movimento sindical e popular irão decidir sobre as diferenças.
A alegria explodiu entre os delegados. Em todos estava presente o sentimento de ter participado de um encontro que pode ter um caráter histórico.
O que foi dito
“A principal pauta colocada para os trabalhadores hoje é a construção de uma ferramenta que tenha capacidade de pegar tudo o que está fragmentado e colocar junto sob uma única direção.” Janira Rocha – MTL
“A reorganização é para nós estratégica e central. A fragmentação e o isolamento só reforçam a perda de nossas capacidades e a potência do movimento. Esse processo requer paciência, mas também entendendo a urgência.” Helena Silvestre – MTST
“Temos pontos divergentes, mas também não são poucos os pontos que nos unem (...) É necessário agora, a fim de avançar na unidade, novas práticas e relações éticas e de fraternidade.” Lujan Miranda (PSOL e Intersindical)
“Estamos bastante otimistas, pois achamos que nesse seminário foi possível construir as possibilidades reais para a unificação da Intersindical, Conlutas e outros setores. Agora, o próximo período é organizar a luta da classe trabalhadora e construir uma direção à altura dessa tarefa.” Neida Oliveira, Cpers, Bloco Resistência Socialista – Conlutas
“Esse seminário foi um avanço muito importante na construção dessa ferramenta para a luta dos trabalhadores, dos movimentos sociais e da juventude desse país. Achamos que essa nova central deve ter um caráter sindical, mas também agregar o movimento social, popular e estudantil, pois sabemos que isso irá fortalecer o caráter classista dessa central.” Saulo Arcangeli (Sintrajufe-MA), PSOL e Conlutas
“Acho que o principal resultado desse seminário foi o agendamento do congresso para 2010 e a resolução de que seja a base que decida. Isso, para o Andes, é fundamental. E essa nova central deve ser democrática, dirigida pela base e, principalmente, tem que ter um nível de liderança muito próxima da que vínhamos fazendo com a Conlutas, com coordenações, reuniões periódicas, para que não voltemos atrás e fazer com que apenas a cúpula decida.” Milton Vieira do Prado Junior – Andes
“Estamos aqui dando um passo importante na possibilidade de uma alternativa classista, internacionalista. A Pastoral não tem posição fechada sobre o caráter da nova entidade, mas achamos que ela deve ser classista e profundamente democrática.” Paulo Pedrini – Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo
Resoluções

*Realização de um congresso, de 3 a 6 de junho de 2010, para a fundação de uma nova central.

*Votam nesse congresso delegados eleitos pelo movimento sindical e movimento popular que estão hoje comprometidos com o processo de reorganização.
*Esse processo será organizado por uma Coordenação pró-central, com a seguinte representação: 9 membros da Conlutas, 9 da Intersindical, dois do MTL, dois do MTST, dois da Unidos para Lutar, dois do MAS, dois da Pastoral Operária, dois da Corrente Trabalho e Emancipação e dois da FOS.
*Realização de uma plenária durante o Fórum Social Mundial em 2010 em Porto Alegre (RS).
*Plano de ação para o próximo período, com o apoio ativo às principais lutas.

VEJA ZÉ MARIA, DA EXECUTIVA NACIONAL DA CONLUTAS, FALANDO SOBRE O SEMINÁRIO E A UNIFICAÇÃO